terça-feira, 22 de outubro de 2013

De um escravo qualquer para seu Senhor.


Meu Senhor, sei que andas muito ocupado e provavelmente não terá tempo de ler essa humilde carta que lhe escrevo, mas quem sabe apenas por curiosidade olhe pra ela.
Como sabes já sou escravo velho, servi a seus avós quando menino e a seus pais quando fui feito homem.
Sinhá sua mãe sempre foi muito bondosa, foi ela que me ensinou a ler e escrever quando éramos mais novos. Ao contrario do senhor seu pai (que Deus o tenha) que não tinha atos honrosos, dona sinhá não merecia as atitudes do marido.
Meu senhor te escrevo, pois vejo que o senhor esta se tornando igual, não quero lhe ofender, apenas cuidar de ti, como costumava fazer, mas entendo que o senhor não é mais menino.
Senhor sei que guardas mágoas de tua mãe, mas tudo o que ela fez foi para seu bem , te boa vida, não deverias culpa-la tanto, ela se arriscou por você e graças a o bom Deus, seu pai nunca descobriu, Ele o livrou do conhecimento e tua mãe e você do sofrimento. Não a julgue pelo erro e sim pelo amor, pois ate o fim de seus dias foi ela que te protegeu e amou.
Sei que nunca me aceitaste, mesmo sem nada saber, e não peço que me aceites agora.
Só lhe escrevo para te pedir perdão e perdoa-lo... Senhor irei findar esta carta, pois está difícil continuar escrevendo, as dores dos cortes nas costas estão difícil de suportar (nunca fui de reclamar, mas o senhor sabe, estou velho).
Não sei o que será de seu futuro, mas espero que seja bom, e se um dia se sentires culpado filho, afaste esse sentimento, pois o perdão já foi dado.
Te perdoo pelo ato que tomou, sei que é difícil viver com tal peso nas costas, eu entendo. Perdoei-te na dor da primeira chibatada, no estralo da ultima até a dormência do agora.
Despeço-me agora, pois sei que em alguns instantes irei embora, meus dias de servidão chegaram ao fim. Prometo não mais o aborrecer meu filho. Estou indo ao encontro de sua mãe, que já me faz falta há tantos anos.

De um pai escravo qualquer para seu filho e senhor.


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